Olá, meu nome é Deni Carla, tenho 35 anos e sou casada com o Éder. Tenho um casal de filhos, a Amanda de 14 anos e o Arthur de 11 anos. Moramos em Vilhena-RO há 8 anos. No dia 26 de novembro de 2020, recebi o diagnóstico de câncer de mama, um carcinoma invasivo do tipo não especial, esse foi o resultado de uma biópsia e de uma imuno-histoquímica. Me emociono ao lembrar desse dia. A verdade é que eu sentia que poderia estar com câncer, apesar das falas otimistas constantes do meu esposo de que não daria positivo para câncer. Eu orava e sentia paz, sempre falava com Deus: “Se eu estiver com câncer, me ajude a passar da melhor maneira possível. Ajude-me a honrar o Senhor nesse processo.”
Quando a médica nos deu a notícia, não fui pega de surpresa, talvez meu marido sim. Na hora, fiz uma brincadeira com ele para diminuir sua tensão. A médica nos orientou sobre os próximos passos, saímos do consultório e andamos em silêncio de mãos dadas até o carro. Ao entrar no carro, choramos… choramos muito, limpamos nossas lágrimas, e eu disse: “Vamos lá, vamos encarar o que precisa ser feito.” Já nos adiantamos e passamos no órgão público para regularizar o protocolo do pedido para o tratamento no SUS. Lembro-me que enquanto esperava na fila para ser atendida, na minha mente havia um turbilhão de pontos de interrogação: “E agora? Como meus filhos vão lidar com isso? E meus pais? Será que vou sofrer muito?” Perguntas e mais perguntas…
Chegar em casa para dar a notícia aos meus filhos foi um dos momentos mais desafiadores. Lembro que meu filho veio me receber e disse: “E aí, mãe, não deu nada, né?” Eu queria dizer que não, que estava tudo bem, mas nem precisei abrir a boca; meus olhos me entregaram (chorei aqui… rsrsrs). Abraçamos nossos filhos enquanto o Arthur me perguntava se eu ia morrer. “Claro que não, eu não vou morrer,” eu disse para acalmá-los. “Sua mãe não vai morrer,” disse meu marido. Contar aos meus pais foi outro momento difícil porque não queria que eles sofressem a minha dor. Eu sou mãe, sei o quanto nós pais sofremos a dor dos filhos.
Passando a parte de contar para a família e processar as coisas, o que me restava era esperar pelos próximos acontecimentos. Graças a Deus, a espera foi curta. No dia 8 de dezembro, eu já estava com meus exames prontos na sala do mastologista que iria me acompanhar no meu tratamento, o Dr. Marcelo Barbisan, que foi e é uma bênção na minha vida. Gentilmente e com muita empatia, ouviu as minhas perguntas, acalmou os meus medos e explicou como seria o tratamento: quimioterapia, cirurgia, radioterapia e talvez mais cirurgia. Mas o que fez muita diferença foi o que ele disse na primeira consulta. Ele me disse: “Deni, 50% do seu tratamento é sua fé e a sua autoestima; os outros 50%, deixe com nós profissionais.” Na hora, aquela fala fez todo sentido para mim. 50% era muita coisa na minha mão, e eu iria fazer o meu melhor. A fé busquei em Deus, meu pai, e a autoestima também estava ON. Eu decidi que ia dar muito trabalho para aquele câncer. “Miserável, você não vai me matar,” pensava eu.
Dia 9 de dezembro e lá estava eu… No Hospital Daniel Comboni em Cacoal-RO, para tomar minha primeira quimioterapia. Com medo? Sim… mas enganando o inimigo kkk… Após tomar a primeira quimio, gerou uma grande expectativa de como meu corpo reagiria. Uma semana se passou, e eu estava bem, comendo tudo o que era indicado (fator importante para o tratamento). Na segunda semana, veio a queda do cabelo. Não pensei duas vezes em raspar logo e assumir a careca. Minha irmã Neilsa quis assumir essa missão. Lembro desse dia com muita alegria; rimos muito. Como não ficou tão bom, fomos eu, ela e a minha outra irmã Cristiane. A diversão continuou na barbearia. Pronto, navalha passada, e lá estava eu com a minha careca. Não me adaptei com as perucas e lenços que ganhei, não me sentia bem, não parecia eu mesma. Então, saía livremente com a careca exposta, atraindo olhares de todas as maneiras, de dó, de reprovação, de espanto… #ficaadica é importante que as pessoas saibam se comportar de maneira respeitosa e natural diante de uma mulher careca. Para mim, passava de boa, mas para muitas mulheres, o desafio, a dor maior de ficar sem cabelo é ter que lidar com os olhares de dó, estranheza e reprovação que muitas pessoas fazem. O lance era o seguinte: careca, brincão, batom, e a preta estava montada rsrsrs. Estar careca tinha muitas vantagens. Até fiz um post sobre isso no meu Instagram (confira lá).
As primeiras quatro quimioterapias eram aplicadas a cada 21 dias; depois, tomava uma vez por semana. Na segunda, comecei a sentir reações bem desafiadoras, enjoos, mal-estar, que não dá para descrever aqui. Uma das sensações era que minha alma saía do corpo. Apesar de tudo isso, me considero muito abençoada, pois conseguia me alimentar sem vomitar, não tive diarreia e tomava muito líquido, água, suco e chás de tudo o que me falavam que era bom. Eu me esforçava muito para isso, com a graça de Deus eu conseguia. E por isso, meu organismo resistia mais a cada quimioterapia.
A cirurgia de retirada das mamas: retirei as duas mamas, a que estava com o câncer tirei totalmente, e fiz esvaziamento axilar na outra mama. Tem um nome certo para isso, mas resumo assim. A cirurgia foi um sucesso. Acordei com duas bolsas “Louis Vuitton” vermelhas ao meu lado. Fiz um Stories animado para meus seguidores kkk e minha família. Minha irmã Seilza me acompanhou no hospital. Ela disse que teve medo ao me ver após a cirurgia, mas mais medo ela sentiu quando no outro dia o médico veio ao meu leito para me dar alta e antes fez um procedimento de apertar a cirurgia com muita força para sair o líquido acumulado (quase morri de dor…). Ele disse que ela teria que fazer a mesma coisa 4x por dia comigo… morri, mas passo bem kkkk. Foi pauleira para ela fazer isso, sou grata a ela por ser forte e corajosa por mim e comigo. Lembro-me de um dia de nossa saga com os drenos entupidos, e ela chorando disse: “Não aguento mais fazer isso com você, não posso mais fazer isso.” Choramos juntas e taca-lhe pau… tinha que fazer kkk ou piorava… mas a boa notícia é que o resultado da biópsia que foi feita na cirurgia de retirada do câncer dizia que todo câncer tinha sido retirado, para honra e glória do Senhor Deus. Eu não estava mais com o câncer em mim.
Veio a radioterapia, 25 sessões. Deus me surpreendeu novamente, não tive reações ruins com as radioterapias. Fazia de segunda a sexta, por isso ficava na casa de apoio Amor Fraterno (uma bênção esse lugar). Nessa fase, minha família se revezava para ficar comigo. Minhas irmãs Cristiane e Seilza, minha sogra, enquanto na minha casa, minha cunhada Nena cuidava dos meus filhos e dava apoio ao meu esposo. Eu tenho a melhor família do mundo: meus pais, meus irmãos, meus sogros, cunhados, cuncunhados… isso fez e faz toda a diferença num tratamento como esse. Tive apoio de amigos como a Noêmia, que cedeu a casa dela para eu ficar em Cacoal, irmãos em Cristo que oraram e ajudaram financeiramente também…
Radioterapia concluída, muito repouso até o momento apropriado para a outra cirurgia, para colocar o expansor mamário. Fiz essa cirurgia, que foi um sucesso também, teve umas tretas… mas venci graças a Deus… hoje aguardando o momento apropriado para fazer a cirurgia de reconstrução com as próteses, sigo minha vida em paz, sem peito sim, mas graças a Deus isso nunca foi motivo de me sentir menos mulher. Nunca atrapalhou na minha intimidade no casamento, não tenho problemas em me olhar no espelho e me sentir linda e gostosa… porque Deus começou a boa obra em mim e ele sabe o que faz. Deus é bom o tempo todo, o tempo todo Ele é bom. A vontade Dele é boa, perfeita e agradável. Por isso, você, mulher que está lendo esse relato, trata-se de se cuidar de dentro para fora. Faça o autoexame, vá a um médico mastologista regularmente, priorize sua saúde… VIVA BEM… Obrigada por ler até aqui.
Me siga no Instagram se quiser saber mais ou compartilhar algo ou tirar alguma dúvida. Me chame no direct, será um prazer falar contigo. Um forte abraço. 🌷
Deni… você é um exemplo de fé e perseverança. Sou grata a Deus por sua vida e pelos cuidados que ele tem com vc e sua família. Obrigada pela coragem de compartilhar sua história com outras pessoas e assim ser um canal de bençãos a muitos. Te amo muito 🩷🌷
Oi Sandra, obrigada pelo carinho. E obrigada pelas orações que sei que já fez por mim. Que continue te cobrindo de bênçãos…
Você é uma guerreira, admiro a a sua fé e coragem. Deus continua te abençoando querida. Saiba que a sua experiência ajudará outras mulheres a passar por este processo com outra visão e força. O que fez toda a diferença é a confiança que vc tem em Deus. Bjs